quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Gervásio

O Gervásio tava desempregado há meses. Com a resistência que só os brasileiros tem. O Gervásio foi tentar mais um emprego e mais uma entrevista.

Ao chegar no escritório, o entrevistador lhe perguntou:

-Qual foi seu último salário?
-"Salário mínimo", respondeu Gervásio.
-Pois se o Sr. for contratado ganhará 10 mil dólares por mês!
-Jura?
-Que carro o Sr. tem?
-Na verdade, agora eu só tenho um carrinho pra vender pipoca na rua e um carrinho de mão!
-Pois se o senhor trabalhar conosco ganhará um Audi para você e uma BMW para sua esposa! Tudo zero!
-Jura?
-O senhor viaja muito para o exterior?
-O mais longe que fui foi pra Belo Horizonte, visitar uns parentes.
-Pois se o senhor trabalhar aqui viajará pelo menos 10 vezes por ano, para Londres, Paris, Roma, Mônaco, Nova Iorque, etc.
-Jura?
-E lhe digo mais... O emprego é quase seu. Só não lhe confirmo agora porque tenho que falar com meu gerente. Mas é praticamente garantido. Se até amanhã (sexta-feira) à meia-noite o senhor NÃO receber um telegrama nosso cancelando, pode vir trabalhar na segunda-feira.

Gervásio saiu do escritório radiante. Agora era só esperar até a meia-noite da sexta-feira e rezar para que não aparecesse nenhum maldito telegrama.

Sexta-feira mais feliz não poderia haver. E Gervásio reuniu a família e contou as boas novas.
Convocou o bairro todo para uma churrascada comemorativa a base de muita música.
Sexta de tarde já tinha um barril de choop aberto.

As 9 horas da noite a festa fervia.

A banda tocava, o povo dançava, a bebida rolava solta. Dez horas, e a mulher de Gervásio aflita, achava tudo um exagero.

A vizinha gostosa, interesseira, já se jogava pra perto do Gervásio.

E a banda tocava!

E o choop gelado rolava!

O povo dançava!

Onze horas, Gervásio já era o rei do bairro.

Gastaria horrores para o bairro encher a pança.

Tudo por conta do primeiro salário. E a mulher resignada, meio aflita, meio alegre, meio boba, meio assustada.

Onze horas e cinqüenta e cinco minutos........

Vira na esquina buzinando feito louco uma motoca amarela...

Era do Correio!

A festa parou!

A banda calou!

A tuba engasgou!

Um bêbado arrotou!

Um cachorro uivou!

Meu Deus, e agora? Quem pagaria a conta da festa?

Coitado do Gervásio!

Era a frase mais ouvida.

Jogaram água na churrasqueira!

O chopp esquentou!

A mulher do Gervásio desmaiou!

A motoca parou!

Senhor Gervásio Batista Romano Barbieri?

Si, si, sim, so, so, sou eu...

A multidão não resistiu...

OOOOOHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!

Telegrama para o senhor...

Gervásio não acreditava...

Pegou o telegrama, com os olhos cheios d'água, ergueu a cabeça e olhou para todos.

Silêncio total.

Respirou fundo e abriu o telegrama.

Uma lágrima rolou, molhando o telegrama.

Olhou de novo para o povo e a consternação era geral.

Tirou o telegrama do envelope, abriu e começou a ler.

O povo em silêncio aguardava a notícia e se perguntava.

E agora? Quem vai pagar essa festa toda?

Gervásio recomeçou a ler, levantou os olhos e olhou mais uma vez para o povo que o encarava...

Então, Gervásio abriu um largo sorriso, deu um berro triunfal e começou a gritar eufórico ..


Minha SOGRA morreeeeuuu! Minha SOGRA Morreeeeuuu!!!!!!!

Nenhum comentário: